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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Agroecologia Espírita em 1944?

Tenho me entregado à literatura espiritista ou espírita. Por influência do filme Nosso Lar, busquei ler o homônimo livro e afeiçoei-me por admiração ao modo de escrever daquele a quem se atribuem muitas obras escritas neste plano físico pelo médium antes citado, inclusive Nosso Lar e tantas outras, que é conhecido como André Luiz. Ao ler um livro desses autores (o médium e o autor), chamado Mensageiros (psicografado no ano de 1944), admirei-me com um trecho repleto de sabedoria científica e filosófica, tão atual e tão ligada aos temas agroecológicos, mas com uma profundidade de especialista, que captam senão aqueles dados ao estudo da matéria.

Acontece que, certa vez, no ano passado mesmo, acontecimento recente que o trecho do livro me fez lembrar, ao dar um curso para agricultores familiares de um assentamento rural, havia preparado uma aula sobre o solo e que se relacionava com os fatores econômicos e ecológicos da sociedade e os havia alertado para a questão do elemento nitrogênio. Informei-lhes que havia um elemento da natureza chamado nitrogênio, que era extraído do ar e fixado ao solo por microorganismos e por isso as queimadas eram tão prejudiciais, pois matam esses seres microscópicos, e esses mesmos seres se associavam às raízes das plantas, fornecendo-lhes o tal elemento, que mais tarde seria consumido por nós, seres humanos, diretamente dos vegetais, ou ainda, através dos animais que consomem os vegetais e que são criados e mortos por nós humanos para que consumamos a sua carne. E essa tal carne é tão valorizada por quê? Ora, nada mais, nada menos, pelo seu alto teor de proteínas, e como componente fundamental das proteínas, que representam papel tão importante na construção e manutenção de todos nossos órgãos e tecidos, está o tão importante Nitrogênio! E assim, discorri e exemplifiquei a luta voraz dos animais de todas as classes por esse tão cobiçado nutriente e a curiosa conotação que a carne tem para nossa sociedade, inclusive do ponto de vista econômico, podendo-se medir até mesmo aumento do poder aquisitivo pelo maior consumo de carne, haja vista que trata-se de um produto mais caro do que os vegetais, naturalmente, porque o custo de construção das complexas moléculas de proteína animal é maior. Enfim, é vasta a possibilidade de analogias e interdisciplinaridades!

Pois eis a minha admiração, e perplexidade até, quando da leitura do trecho que vou transcrever abaixo:

Observações preliminares: o trecho abaixo é uma oratória de um personagem chamado de Aniceto, mentor espiritual de um grupo de auxílio espiritual de desencarnados aos encarnados, do qual está participando André Luiz. O termo "Crosta" diz respeito mesmo à crosta terrestre, aos seres que vivem nessa faixa. "Nosso Lar" é o nome de uma colônia espiritual e sobre a qual se pode saber mais no homônimo livro e/ou filme. Estava o dito grupo em momento de estudo e a oratória que se seguiu foi justamente após ter lido os versículos 19, 20 e 21 do capítulo oitavo da Epístola de Paulo aos Romanos. 

" - Irmãos, recebamos a bênção do campo, louvando o Amor e a Sabedoria de Nosso Pai! Exaltemos o Soberano Espírito de Vida, que sopra em nós a força eterna da incessante renovação! Ponderemos a palavra do Apóstolo da Gentilidade, para extrair-lhe o conteúdo divino!... Há milênios a natureza espera a compreensão dos homens. Não se tem alimentado tão-somente de esperança, mas vive em ardente expectação, aguardando o entendimento e o auxílio dos Espíritos encarnados na Terra, mais propriamente considerados filhos de Deus. Entretanto, as forças naturais continuam sofrendo a opressão de todas as vaidades humanas. Isto, porém, ocorre, meus amigos, porque também o Senhor tem esperança na libertação dos seres escravizados na Crosta, para que se verifique igualmente a liberdade na glória do homem. Conheço-vos de perto os sacrifícios, abnegados trabalhadores espirituais do solo terrestre! Muitos de vós aqui permaneceis, como em múltiplas regiões do planeta, ajudando a companheiros encarnados, acorrentados às ilusões da ganância de ordem material. Quantas vezes, vosso auxílio é convertido em baixas explorações no campo dos negócios terrestres? A maioria dos cultivadores da terra tudo exige sem nada oferecer. Enquanto zelais, cuidadosamente, pela manutenção das bases da vida, tendes visto a civilização fuincionando qual vigorosa máquina de triturar, convertendo-se os homens, nossos irmãos, em pequenos Moloques de pão, carne e vinho, absolutamente mergulhados na viciação dos sentimentos e nos excessos da alimentação, despreocupados do imenso débito para com a Natureza amorável e generosa. Eles oprimem as criaturas inferiores, ferem as forças benfeitoras da vida, são ingratos para com as fontes do bem, atendem às indústrias ruralistas, mais pela vaidade e ambição de ganhar, que lhes são próprias, que pelo espírito de amor e utilidade, mas também não passam de infelizes servos das paixões desvairadas. Traçam programas de riqueza mentirosa, que lhes constituem a ruína; escrevem tratados de política econômica, que redundam em guerra destruidora; desenvolvem o comércio do ganho indébito, colhendo as complicações internacionais que dão curso à miséria; dominam os mais fracos e os exploram, acordando, porém, mais tarde, entre os monstros do ódio! É para eles, nossos semelhantes encarnados na Crosta, que devemos voltar igualmente os olhos, com espírito de tolerância e fraternidade. Ajudemo-los ainda, agora e sempre! Não esqueçamos que o senhor está esperando pelo futuro deles! Escutemos os gemidos da criação, pedindo a luz do raciocínio humano, mas não olvidemos, também, a lágrima desses escravos da corrupção, em cujas fileiras permanecíamos até ontem, auxiliando-os a despertar a consciência divina para a vida eterna! Ainda que rodeiem o campo de vaidades e insolências, auxiliemo-los ainda. O Senhor reserva acréscimos sublimes de valores evolutivos aos seres sacrificados. Não olvidará Ele a árvore útil, o animal exterminado, o ser humilde que se consumiu em benefício de outro ser! Cooperemos, por nossa vez, no despertar dos homens, nossos irmãos, relativamente ao nosso débito para com a Natureza maternal. Sempre, ao voltarmos à Crosta, envolvendo-nos em fluidos do círculo carnal, levamos muito longe a aquisição de nitrogênio. Convertemos em tragédia mundial o que poderia construir a procura serena e edificante. Como sabemos, organismo algum poderá viver na Terra sem essa substância, e embora se locomova, no oceano de nitrogênio, respirando-o na média de mil litros por dia, não pode o homem, como nenhum ser vivo do planeta, apropriar-se do nitrogênio do ar. Por enquanto, não permite o Senhor a criação de células nos organismos viventes do nosso mundo, que procedam à absorção espontânea desse elemento de importância primordial na manutenção da vida, como acontece ao oxigênio comum. Somente as plantas, infatigáveis operárias do orbe, conseguem retirá-lo do solo, fixando-o para o entretenimento da vida noutros seres. Cada grão de trigo é uma bênção nitrogenda para sustento das criaturas, cada fruto da terra é uma bolsa de açúcar e albumina, repleta do nitrogênio indispensável ao equilíbrio orgânico dos seres vivos. Todas as indústrias agropecuárias não representam, na essência, senão a procura organizada e metódica do precioso elemento da vida. Se o homem conseguisse fixar dez gramas, aproximadamente, dos mil litros de nitrogênio que respira diariamente, a Crosta estaria transformada no paraíso verdadeiramente espiritual. Mas, se muito nos dá o Senhor, é razoável que exija a colaboração do nosso esforço na construção da nossa própria felicidade. Mesmo em "Nosso Lar", ainda estamos distantes da grande conquista do alimento espontâneo pelas forças atmosféricas, em caráter absoluto. E o homem, meus amigos, transforma a procura de nitrogênio em movimento de paixões desvairadas, ferindo e sendo ferido, ofendendo e sendo ofendido, escravizando e tornando-se cativo, segregado em densas trevas! Ajudemo-lo a compreender, para que se organize em uma nova era. Auxiliemo-lo a amar a terra, antes de explorá-la no sentido inferior, a valer-se da cooperação dos animais, sem os recursos do extermínio! Nessa época, o matadouro será convertido em local de cooperação, onde o homem atenderá aos seres inferiores e onde estes atenderão às necessidades do homem, e as árvores úteis viverão em meio do respeito que lhes é devido. Nesse tempo sublime, a indústria glorificará o bem e, sentindo-nos o entendimento, a boa vontade e a veneração às leis divinas, permitir-nos-á o Senhor, pelo menos em parte, a solução do problema técnico de fixação do nitrogênio da atmosfera. Ensinemos aos nossos irmãos que a vida não é um roubo incessante, em que a planta lesa o solo, o animal extermina a planta e o homem assassina o animal, mas um movimento de permuta divina, de cooperação generosa, que nunca perturbaremos sem grave dano à própria condição de criaturas responsáveis e evolutivas! Não condenemos! Auxiliemos sempre"!

- Luiz, André (Espírito). Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Os Mensageiros. 45ª Edição, 4ª reimpressão atualizada, Rio de Janeiro. Federação Espírita Brasileira, 2012, pp. 260-264.

Então, amig@s, irm@s, profundamente intrigado fiquei com tamanha correlação entre o texto publicado em 1944 e as minhas atividades com a permacultura, agroecologia, educação ambiental... Fascinante, curioso, profundo e tremendamente atual.

Oremos e (E)laboremos!

Do amigo,

JP.

Alternativas Ambientais - João Paulo Duarte

+55 85 8675 4546 (Oi)
+55 85 9993 5541 (Tim)
http://www.alternativasambientais.com

 

Um comentário:

Albertinho Carvalho disse...

Caro amigo João Paulo. Há quanto tempo não nos falamos!! Sábias reflexão e palavras. Temos muito o que elaborar... Temos que cuidar das nossas "zona internas, zero, um...cinco. Esta sua reflexão me conecta com algo que tenho sempre dito por aqui: precisamos refazer os nossos designs internos, a nossa permacultura interna... Autobioconstruir-se....

Forte abraço, direto da Bahia, Rio de Contas

Albertinho